quinta-feira, 25 de setembro de 2008

História de um romance cotidiano

Bruna se apaixonou por Thiago. Ela, 16; Ele, 22. Aos 17, tudo mudou na sua vida: aquele romance impossível, aquele sentimento platônico, finalmente tinha virado realidade. Um beijo, um olhar, um suspiro. Eles gostaram demais daquilo, um momento só deles, onde ninguém poderia palpitar ou interferir. Eram eles. E só.

Mas ele se mudou para muito longe. E ela achou que ia morrer. Chorou durante dias, meses. Sentiu-se fraca, só, perdeu a vontade de viver. Não fazia mais nada, a não ser ficar no telefone falando com ele.

Durante alguns meses, todas as vezes em que eles se falavam, ela tinha a certeza de que Thiago era o homem de sua vida. Por isso, o esperou. E quando ele voltou... Este sim, foi o dia mais feliz de todos.

E começaram a namorar. Muita coisa em comum, muito sonho virando realidade. Todo aquele tempo só fez crescer o amor que ela sentia por ele. E ele parecia corresponder à altura, mostrando-se cada dia mais apaixonado.


Ficaram 5 anos juntos. O tempo passou, ela cresceu, eles amadureceram, e as coisas naturalmente se encaminharam para um estágio mais avançado.

Talvez eles não estivessem preparados para dar o tal “passo importante” na relação.

O amor que sentiam um pelo outro era grande, mas os acontecimentos dos últimos anos só fizeram mal ao casal.

Bruna já não se sentia mais amada por ele. Thiago sentia-se preso. E, assim, começaram as brigas.

Ela ainda tentava se controlar, mas ele não colaborava com seus sentimentos. Não fazia mais questão de tê-la ao seu lado, muito menos de dar satisfações. E ela, nada boba, achava que deveria fazer igual, pois certamente ele enxergaria a grande besteira que estava fazendo.

Depois de muita tristeza, discussões e muitas lágrimas (dela), o romance perfeito acabou.

Para ela, foi como se tivesse voltado naquele dia em que ele foi embora, quando ela achou que nunca mais ia vê-lo. O sentimento de tristeza era dolorido, como se tivesse uma faca girando em seu estomago.

Do Thiago, não se sabe muito. Com sua mania de isolamento, poucos sabem o quanto ele realmente sofreu.
Depois de alguns meses sem contato, voltaram a se falar e tentaram novamente. Mas ai, os tempos eram outros: novos amigos, novos ideais, talvez novos sentimentos por outras pessoas.



Enfim, Bruna arrepende-se até hoje de ter voltado com ele. E, mais uma vez, o romance acabou. Novamente, de forma grosseira e ríspida.

Bruna transformou todo aquele sentimento bom que tinha por Thiago em ódio. E passou a detestá-lo. Com todas as suas forças. Cada vez que pensava nele, seus olhos se espremiam de raiva. E não admitia que ele pudesse ser feliz. Desejou tudo o que podia de mal a ele.


O problema maior é que isso fez mais mal para ela do que talvez para ele.

E o tempo (sempre ele) passou.

Bruna começou a procurar prazer em coisas simples, como um barzinho com amigos, um cineminha, um passeio no shopping. Enfim, coisas que sempre fizeram parte da vida dela antes do tão sonhado romance.

E não é que isso ajudou na sua recuperação?

Conheceu novas pessoas, retomou contato com amigos das antigas e, hoje, é uma outra pessoa. Depois de um tempo sozinha, ela chegou à conclusão de que o romance perfeito não existe. Somos nós que fazemos os nossos romances serem perfeitos. E aquela frase do poeta, já batida e cantarolada até em pagodes, faz realmente todo o sentido: “Que seja eterno enquanto dure”...

Foi bom para ela? Lógico que sim, ela aprendeu bastante coisa, mas, principalmente, amadureceu muito.

Ela ainda o ama? Talvez sim, pois sentimentos não acabam. A gente os guarda em uma caixinha dentro do coração e deixa lá. No dia em que quiser dar uma mexidinha, relembrar bons tempos, a gente abre a caixinha e, depois que usar, guarda de novo.

Ela tem ódio dele? Não. Este ódio só faria mal para ela. Talvez a indiferença que sinta por ele seja suficiente para que ela se mantenha bem.

Bruna ainda acha que Thiago é o homem de sua vida, mas não desta passagem... Talvez ela não ame alguém na mesma intensidade com que o amou, mas, certamente, ela tem chances de ter outros relacionamentos satisfatórios, onde realmente um vai se preocupar com a felicidade do outro.

Nada de gestos exagerados, loucuras ou grude. O verdadeiro amor é aquele onde os dois se completam. Quando estão longe, mas, mesmo assim, sabem que podem contar um com o outro.

Bruna está muito feliz. Conheceu muita gente bacana e tem se divertido muito. Esteve com outras pessoas, fez coisas diferentes, experimentou coisas que nunca tinha feito.

Para ela, o prazer da vida a dois ainda é um sonho, mas, por enquanto, ela está querendo curtir.

Enfim, retomar os 18 anos que ela nunca teve...

"Um belo dia resolvi mudar
E fazer tudo o que eu queria fazer
Me libertei daquela vida vulgar
Que eu levava estando junto à você
Em tudo que eu faço
Eu sinto prazer
De ser quem eu sou
De estar onde estou... "

beijomeliga

thay

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